Se há alguma coisa importante neste mundo, dizia o marido, é uma empregada de confiança. A mulher concordava, satisfeita: realmente, a empregada deles era de confiança absoluta. Até as compras fazia, tudo direitinho. Tão de confiança que eles não hesitavam em deixar-lhe a casa, quando viajavam.
Uma vez resolveram passar o fim de semana na praia. Como de costume a empregada ficaria. Nunca saía nos fins de semana, a moça. Empregada perfeita.
Foram. Quando já estavam quase chegando à orla marítima, ele se deu conta: tinham esquecido a chave da casa da praia. Não havia outro remédio. Tinham de voltar. Voltaram.
Quando abriram a porta do apartamento, quase desmaiaram: o living estava cheio de gente, todo mundo dançando no meio de uma algazarra infernal. Quando ele conseguiu se recuperar da estupefação procurou a empregada:
— Mas que é isso, Elcina? Enlouqueceu?
Aí um simpático mulato interveio: que é isso, meu patrão, a moça não enlouqueceu coisa nenhuma, estamos apenas nos divertindo, o senhor não quer dançar também? Isso mesmo, gritava o pessoal, dancem com a gente.
O marido e a mulher hesitaram um pouco; depois — por que não, afinal a gente tem de experimentar de tudo na vida —aderiram à festa. Dançaram, beberam, riram. Ao final da noite concordavam com o mulato: nunca tinham se divertido tanto.
No dia seguinte despediram a empregada.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
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Para tornar este espaço ainda mais instigante, a partir de agora estarei postando aqui contos de grandes escritores, de escritores consagrados, escritores que formam o cânone da literatura brasileira.
ResponderExcluirO primeiro convidado é o grande contista Moacyr Scliar, a quem agredeço a gentileza de permitir a publicação de seu conto aqui.
Charles Kiefer
Amei o texto e o blog!
ResponderExcluirDeus lhe abençoe...