sexta-feira, 3 de julho de 2009

Minicontos (Luiz Ohlson)

Diagnóstico

O médico deu-lhe um ano de vida. Devolveu no dia seguinte. Sem uso.


Jogatina

Feliz no jogo, infeliz no amor, suspirou, enquanto jogava a segunda esposa por sobre o parapeito.


Sintaxe

Tinha sérios problemas com o Português. De concordância, principalmente. Já com o Espanhol, seu amante...


Alguém explica?

– Doutor, eu sonhei que sua mulher me amava.
– Eu também – suspirou o psicanalista – eu também.


Debaixo da lona rasgada

Divertiu-se com as palhaçadas, temeu pela vida dos equilibristas, comoveu-se com os bichos. Fechou o jornal e foi ao circo.


Heróis e Mitos

1
– Como foi de viagem, querido?
– Nem te conto, Penélope, nem te conto.

2
– Sabe do Kronos?
– Mandou dizer que hoje não volta mais.

3
– E o pagamento, Caronte?
– Adiantado e em dinheiro.

5 comentários:

  1. Mujita gente confunde miniconto com chiste, tirada, apólogo. Não é. Miniconto é uma estrutura complexa, sofisticada e de difícil realização.

    Um miniconto têm todos os elementos de um conto, mas miniaturizados. O miniconto é a síntese em estado de redução ao absurdo.

    Luis Ohlson é um extraordinário minicontista. Daí se inferir que Ohlson é um oxímoro — por ser um grande minicontista!

    Charles Kiefer

    ResponderExcluir
  2. Luiz Ohlson que não tem medo da palavra e, como se vê, também não receia em economizá-la na medida exata. Com maestria nos permite ver pela fresta do miniconto a imensidão da história em poucas linhas. Simples e difícil. Um gênero para poucos, dentre eles o querido Ohlson.

    ResponderExcluir
  3. Miniconto é difícil, ou funciona ou não. Não tem "mais ou menos", ou é ou não é. Ohlson, os teus são mais do que minis, são súper. Tri.

    ResponderExcluir
  4. Vi que não perdeste a forma.
    Um abraço, meu amigo!
    Leo

    ResponderExcluir